Quando
o assunto é contratar ou não estagiários, encontramos visões diferentes que
orientam as empresas hoje em dia. Enquanto algumas delas desdenham dos
benefícios que podem ser obtidos ao recrutar estudantes para os seus quadros,
outras possuem programas de estágio bem estruturados e os consideram como
estratégicos para o negócio. Frente a posicionamentos tão discrepantes, como
saber se – e quando – vale a pena contratar um estagiário?
Muitas
pessoas creem que a resposta está no perfil do estudante – "afinal, se ele
for talentoso e dedicado o sucesso será inevitável", dizem elas. Contudo é
bom lembrar que a imensa maioria das empresas não está preparada para receber
profissionais em formação porque sua cultura organizacional e o modelo de
gestão praticado por elas desfavorece aqueles que estão em processo de
aprendizado, sejam estagiários ou não. Neste caso, a pergunta se inverte: será
que a sua empresa tem ambiente para receber um estagiário?
Também
é preciso abandonar o conceito equivocado de enxergá-lo como alguém que terá a
mesma desenvoltura de um profissional experiente que resolve tudo aquilo que
aparece ou então imaginá-lo como um office-boy de luxo, a quem devem ser
dirigidas apenas as tarefas irritantes e de pouquíssima relevância. Isto sem
falar na premissa de encher os departamentos internos com estagiários visando
diminuir os custos com pessoal.
Se
você quiser ter sucesso contratando estudantes, antes de mais nada leve o processo
de seleção a sério. Este cuidado fará com que vocês tragam para a base da
organização pessoas que já têm as características comportamentais e os valores
compatíveis com aquilo que acreditam ser o correto para todos.
Após
o ingresso do estagiário na organização, procure criar um ambiente de trabalho
propício ao seu desenvolvimento. Ou seja, estimule os profissionais que
trabalham ao lado dele a dividir experiências, solicite tarefas que promovam a
troca de ideias e faça com que ele se sinta seguro para expressar suas opiniões
e levantar as dúvidas logo que estas surgirem.
Mesmo
quem apresenta alta motivação nos primeiros dias e demonstra um potencial de
desenvolvimento acima da média, acaba se perdendo com o passar das semanas
quando não é bem recebido por aqueles que poderiam ensinar-lhe como as coisas
funcionam por ali. Aliás, a orientação permanente é o melhor remédio para
combater qualquer intenção prévia que o aprendiz tenha em se transformar num
legítimo "batedor-de-cartão-de-seis-horas".
Estagiários
se desenvolvem e são produtivos quando proporcionamos a eles experiências
profissionais significantes e enriquecedoras. Portanto, o quanto antes você
"colocá-los no fogo", mais rapidamente amadurecerão e estarão
motivados a aprender e a contribuir com a empresa. Só não esqueça de estar ao
lado deles nas horas ruins, afinal ainda são estudantes.
Mas,
e se as coisas derem errado? Como não há vínculo empregatício – somente um
contrato que reza os direitos e deveres de todos –, deem um aperto de mão,
agradeçam o tempo que passaram juntos e sigam em frente.
Por
outro lado, caso vocês enxerguem um futuro promissor para este relacionamento,
por que não evoluir para um casamento duradouro? O objetivo de um processo de
estágio não deve ser a efetivação do estudante e sim seu aprendizado e
amadurecimento profissional, mas como atualmente a falta de trabalhadores
qualificados é sentida por boa parte dos segmentos empresariais, capacitar
aprendizes pensando em sua permanência é mais do que uma boa iniciativa.
Outra
coisa é certa: os estagiários de hoje serão os dirigentes de amanhã, assim como
boa parte dos grandes gestores atuais já foram estagiários no passado. É uma
pena que muitos acadêmicos de cursos técnicos e universitários deixem de se
permitir esta rica experiência profissional enquanto ainda podem errar sem
maiores consequências.
Fonte:
Folha de Londrina – PR
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