A
Receita Federal espera apenas sinal verde do Ministério da Fazenda e da Casa
Civil para baixar novos aumentos de impostos sobre os brasileiros. A Receita
Federal anunciou ontem que concluiu estudos para aumentar o PIS/Cofins de
produtos importados e de artigos do setor de cosméticos e também para subir o
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre as bebidas frias,
isto é, cervejas, refrigerantes, isotônicos e água.
O
motivo alegado para essa nova mordida do Leão é de que o governo precisa
arrecadar R$ 4 bilhões extras este ano para ajudar o Tesouro Nacional a
aumentar os repasses para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), conforme
anunciado há duas semanas. Esses aportes visam a compensar parcialmente o
aumento dos custos no setor elétrico este ano, afetado pelo acionamento das
termelétricas em meio à forte estiagem que se abateu sobre o País neste início
de ano.
Esse
assunto, no entanto, caiu agora sob a lupa do Tribunal de Contas da União
(TCU), que anunciou ontem que pretende avaliar aquele aporte de R$ 4 bilhões.
“Os
estudos para aumentar os tributos sobre cosméticos e bebidas frias estão
finalizados, prontos para a tomada de decisão de implementação", informou
o secretário-adjunto da Receita, Luiz Fernando Teixeira. Segundo ele, o acerto
para baixar as medidas depende do Ministério da Fazenda e da Casa Civil e ainda
há tempo hábil para que sejam adotadas.
Também
para reforçar o caixa, o governo reabrirá o Refis (refinanciamento de dívidas
tributárias) para que as empresas possam pagar impostos e contribuições
vencidos em 2013 e ainda não pagos.
Essa
autorização para parcelamento de tributos será feita por meio da Medida
Provisória 627 – que trata das regras de tributação do lucro das controladas de
multinacionais brasileiras no exterior – em tramitação no Congresso.
Além
do aumento de tributos, de acordo com Teixeira, estão sendo reforçadas as
medidas de combate à sonegação, de maior eficiência da máquina arrecadatória,
que também oferecem alternativas de incremento na arrecadação.
Arrecadação
A
arrecadação de impostos e demais tributos pelo governo federal foi de R$ 83,1
bilhões em fevereiro, informou ontem a Receita Federal. O resultado é recorde
para o mês. Houve uma expansão real (descontada a inflação) de 3,4% ante
fevereiro do ano passado, quando foram arrecadados R$ 74,3 bilhões. No primeiro
bimestre do ano, os tributos somaram R$ 206,8 bilhões, com alta real de 1,9% em
comparação a igual período de 2013.
Apesar
de ser o melhor desempenho da arrecadação para um mês de fevereiro, o resultado
é fraco para o cumprimento das metas fiscais traçadas pelo governo e o
equilíbrio das contas públicas. Tais contas estão sendo acompanhadas com lupa
neste ano, diante do esforço do governo em melhorar a confiança dos agentes
econômicos, abalada nos últimos anos pela condução da política fiscal.
O
governo já ajustou a meta de superávit primário –economia para pagamento de
juros da dívida – deste ano a R$ 99 bilhões, equivalente a 1,9% do Produto
Interno Bruto (PIB) para o setor público consolidado.
A
arrecadação de fevereiro, segundo a Receita, foi comprometida por fatores como
a redução da arrecadação de tributos como IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras), Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido) – apurado sobre salários e lucros –, desonerações
tributárias em curso e desempenho fraco de alguns indicadores macroeconômicos,
como de produção industrial.
Com
as perspectivas de crescimento econômico em queda, a arrecadação de impostos
tende a desacelerar.
No
primeiro bimestre, o governo recolheu R$ 4,7 bilhões de IOF, R$ 282 milhões a
menos comparando com o mesmo período do ano passado (queda de 5,7%).
A
arrecadação de IRPJ e CSLL caiu de R$ 48,6 bilhões no primeiro bimestre do ano
passado para R$44,6 bilhões --uma diferença de R$ 4 bilhões (queda de 8,3%).
Com
o aumento das importações, houve um incremento de 13,8% nas receitas com
Imposto de Importação e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) – R$ 9
bilhões no primeiro bimestre. Já o programa de parcelamento de dívidas
tributárias (Refis), contribuiu para as contas públicas em R$ 695 milhões em
janeiro/fevereiro.
Fonte:
Diário do Comércio
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