Empreender
por si só já exige grandes esforços. Se uma parte está nas mãos do candidato
que pretende viabilizar seu negócio próprio, como busca por capacitação,
planejamento e estudo do segmento onde ele vai atuar, a outra parte pode
depender das condições que o País oferece ou não para criar um ambiente
favorável ao empreendedorismo. O Estadão PME ouviu grandes empresários, que
ajudaram a analisar a situação atual do Brasil e também a projetar um cenário
futuro. E também contou com a opinião de pequenos empresários, que enviaram
seus pontos de vistas por e-mail e por meio de redes sociais. Confira a seguir.
A
obtenção de crédito é, na opinião de Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, um
dos principais entraves ao desenvolvimento de novos negócios no Brasil.
"Temos de avançar em desburocratização e facilitação de crédito", diz
a empresária, que costuma receber pequenos empresários interessados no modelo
de gestão da rede varejista. Otimista, ela observa avanços no setor dentro do
País. "Basta ver ações como o Simples e o Micro Empreendedor Individual,
que possibilita a legalização e inclusão de milhares de pessoas", destaca.
"Acho
que o principal problema é com a falta de planejamento e (a falta) de estudo do
segmento onde o empreendedor deseja atuar", diz Joseane Gomes, dona de
empresa de gestão de varejo.
Flávio
Augusto da Silva, fundador da rede Wise UP, também faz coro aos que criticam a
carência de "capital barato e responsável" para empreendedores
brasileiros. Segundo ele, contudo, a ausência de um ambiente mais motivador
criado pelo governo corroborou para que o homem de negócios local tenha
desenvolvido um senso de oportunidade e uma flexibilidade maior para se sobressair
em momentos delicados. "É como se ele fosse capaz de respirar embaixo da
água, diferentemente dos empreendedores de outros países", opina.
Para
Viviane Cholla, dona de uma empresa de RH, a maioria dos novos negócios não
consegue ir para a frente por causa de fluxo de caixa. "Também é difícil
encontrar incentivo financeiro com juros baixos", afirma.
Para
Paulo Bellini, fundador da fabricante de carroceria de ônibus Marcopolo, é
ainda muito difícil abrir uma empresa no País. Essa questão, associada à falta de
política de incentivos e facilidades para novos negócios, são impeditivos ao
avanço do mercado. Mesmo assim, Bellini é dono de um olhar positivo quando ao
futuro. "O País é rico em novos empreendedores. São pessoas com
criatividade, flexibilidade e senso de oportunidade", diz. "(Essa
geração) será fundamental para transformar a economia da nossa nação e nos
fazer progredir", afirma.
"Largar
o salário para arriscar em uma empreitada que requer investimento e que não tem
receita nos primeiros meses, sem dúvida, é um desafio", diz Lucas Moreira,
que é consultor e especialista na área de franquias.
Na
opinião de Eugênio Mattar, presidente da Localiza, o País ainda peca na
formação de novos empresários. "O País ainda está bastante atrasado em
educação e tem um dos maiores custos de capital do mundo", diz.
Dificuldades de infraestrutura, que aumentam o custo operacional, e a pesada
carga tributária, que também é complexa, completam o quadro. "O contexto
atual é bastante difícil para que se desenvolva um espírito empreendedor",
afirma Mattar. "A China dá o exemplo, está fazendo um trabalho grande para
facilitar a vida das empresas."
"Minha
principal dificuldade é a carga tributária", conta Laura Milano, dona de
uma franquia de marca de roupas. "Pagamos muitos impostos e o retorno que
o governo nos dá com incentivos é zero."
Fonte:
O Estado de S. Paulo
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