Neste
sábado, 8 de março de 2014, é celebrado o Dia Internacional da Mulher,
efeméride que surgiu na virada do século XX, no contexto da Revolução
Industrial e da Primeira Grande Guerra, quando ocorreu a incorporação da mão de
obra feminina, em massa, na indústria. Naquela época, as condições de trabalho,
perigosas e insalubres, eram causas de frequentes protestos por parte dos
trabalhadores, como a manifestação das operárias de fábricas de vestuário e
indústria têxtil, protagonizada contra as más condições de trabalho e os baixos
salários, em 8 de março de 1857, em Nova Iorque (EUA).
Hoje,
a presença do sexo feminino no mercado de trabalho, de modo geral, tem se
solidificado, graças a uma série de fatores, entre eles o progresso
tecnológico, à evolução da medicina e, principalmente, à luta das mulheres por
autonomia e igualdade. No Brasil, elas conseguiram alcançar um patamar de
igualdade com os homens em quesitos importantes, como educação e saúde. Mesmo
com todo esse avanço, muitos ainda insistem em dizer que a mulher é o sexo
frágil. Será mesmo? Como é possível classificar de frágil uma pessoa que
consegue equilibrar com maestria os afazeres da casa e da família com a
carreira profissional? Classificar uma mulher de frágil hoje, além de um grande
equívoco, pode ser algo extremamente perigoso.
No
entanto, embora tenham o mesmo nível e preparo que os homens, as mulheres
continuam enfrentando barreiras de todo o tipo, sendo a mais comum a salarial,
conforme dados do relatório Desigualdade de Gênero, divulgado em outubro de
2013 pelo Fórum Econômico Mundial, que colocou o Brasil na 117ª posição, entre
136 países avaliados. Isso quer dizer que muito foi conquistado, mas muito
ainda precisa ser feito e modificado nessa história.
No
universo contábil, a força de trabalho feminina representa quase metade dos
profissionais em atividade: 41,22% das cerca de 490 mil vagas são ocupadas por
mulheres, conforme dados de 2013 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
segundo o qual mais de 85 mil mulheres ingressaram na carreira nos últimos dez
anos. A expectativa é de que esse número cresça e, em alguns anos, a divisão se
iguale. Essa esperança não é à toa, já que um relatório do Censo da Educação
Superior de 2012 indica que o número de mulheres matriculadas no curso de
ciências contábeis em faculdades de todo o Brasil é de 181 mil, em comparação a
132 mil estudantes do sexo masculino.
Atualmente,
existem 487.879 profissionais de contabilidade. Destes, 200.405 são mulheres e
287.474, homens. Em 2003, eram 358 mil profissionais da contabilidade — 122 mil
mulheres e 236 mil homens, uma diferença de 31,8%. Em 2013, essa diferença caiu
14,2%, o que comprova que, em cinco anos, essa divisão pode ser igualitária. Na
Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo),
“elas” já são quase a metade do universo de profissionais de contabilidade, que
é de 252.168 mil. Ao todo, são 101.207 mulheres e 150.574 homens. No Estado de
São Paulo, são 52.073 mulheres de um total de 134.784 profissionais da
contabilidade.
De
acordo com a vice-presidente de fiscalização, ética e disciplina do Conselho
Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo CRC-SP, Márcia Ruiz Alcazar
[foto], esses dados deixam bem claros a força e o avanço das mulheres no setor
contábil: “Hoje é possível perceber um número cada vez maior de mulheres nas
empresas e entidades contábeis, ocupando não apenas cargos operacionais, mas de
liderança dentro dessas organizações. Obviamente, assim como em outros setores,
há ainda muito mais a ser conquistado pelas mulheres, mas estamos no caminho
certo”.
Márcia,
que começou a se interessar pela contabilidade ainda na adolescência, ao
dividir os estudos com os afazeres na empresa da família, a Seteco Consultoria
Contábil, é um exemplo de mulher que deu certo no segmento, cursando técnico em
contabilidade, bacharelado e uma especialização na Fundação Instituto de
Administração da Universidade de São Paulo (USP), por meio do MBA de Gestão
Executiva Internacional, realizando uma série de intercâmbios por diversos
países, entre eles França, China e Estados Unidos. Com 27 anos de experiência
profissional e uma carreira em constante crescimento, Márcia sempre se focou na
gestão das pequenas e médias empresas. “Hoje, à medida que vai aumentando a
importância da contabilidade como área estratégica dentro das corporações, os
ânimos se renovam e me sinto cada vez mais motivada a batalhar em prol do
empreendedorismo no Brasil.”
Na
opinião da vice-presidente do CRC-SP, a contabilidade evoluiu muito nesses
últimos anos de área meramente operacional para se tornar uma ferramenta
essencial na estratégia de crescimento das organizações, independentemente do
segmento de atuação. “A tendência é de que essa visão se amplie a cada dia, com
as empresas buscando a modernização, o que é algo obrigatório em tempos de
Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) e instrumentos de fiscalização
que se sofisticam sistematicamente. Ou seja, o profissional contábil,
independentemente de ser homem ou mulher, tende a evoluir de modo a ter uma
visão holística da organização e gerenciar informações estratégicas para o
crescimento dela.”
Para
Márcia, diante dessa contabilidade moderna, a mulher deve, acima de tudo, saber
impor seus pontos de vista com personalidade, mas sem abrir mão das
características que, historicamente, as tornaram tão especiais, como a
delicadeza, a feminilidade e seu poder de convencimento. Ela lembra ainda que
durante séculos a profissão foi extremamente masculinizada, mas hoje não há
mais obstáculos ou dificuldades encontrados pelas mulheres: “As oportunidades
estão aí para os profissionais buscarem o seu espaço, independentemente do
gênero. Basta mostrar competência, ter postura e trazer resultados positivos”.
Fonte:
Revista Dedução
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