O
setor produtivo é um dos grandes responsáveis pela geração de emprego, renda e
receitas para o país, mas esse potencial poderia ser melhor aproveitado, com um
ambiente mais favorável para os negócios, com mais segurança jurídica,
estímulos para a ampliação da produção, a geração de novas empresas, a atração
de investimentos e a oferta de produtos e serviços a preços mais acessíveis a
população. Quanto maior a carga
tributaria menor é a capacidade de investimento do setor privado.
As
empresas nacionais precisam ser mais produtivas e mais competitivas, pois, no
ambiente global e de intensa concorrência, o Brasil tem perdido empresas para
países que apresentam melhores condições para se instalar.
Um
dos fatores que influenciam nesse cenário é a alta carga tributária, que é uma
das maiores do mundo. Entre os 34 países
da América Latina, o Brasil é o segundo colocado.
Os
índices da carga tributária têm crescido ao longo dos anos, acompanhado do
gasto publico, mas a eficiência na aplicação dos recursos não está ocorrendo no
mesmo ritmo. O Brasil ainda carece de investimentos em serviços básicos, como:
educação, saúde, infraestrutura, saneamento, energia, transporte, segurança
etc.
Na
década de 80, a carga tributaria correspondia a 25% do PIB e em 2010 já
representava 33,2%.
Em
2013 ela representou 36,42% do PIB, o equivalente a 8,5 mil Reais por habitante
e a 133 dias de trabalho ao ano. Como é dura a realidade de termos que
trabalhar um terço do ano para pagar tributos.
Em
comparação com os demais países que formam o BRICS, a carga brasileira foi
quase o dobro da media, 18,5% (Rússia, 23%; Índia, 13%; China, 20% e África do
Sul, 18%).
Os
brasileiros se deparam com mais de 60 tributos entre impostos, contribuições,
taxas federais, estaduais e municipais. São editadas, em média, 35 normas por
dia e cada empresa lida com aproximadamente 3500 normas referentes às questões
tributarias. São gastos, em média, 45
bilhões de Reais ao ano para a manutenção de pessoal, sistemas e equipamentos
no acompanhamento das alterações legislativas.
São
necessárias reformas estruturais no Brasil, dentre elas a tributária, pois o
sistema atual é burocrático, complexo, injusto e desestimula a produção e o
consumo. O Brasil é um dos únicos países do mundo em que se tributa o
investimento e as exportações.
De
acordo com o relatório anual Doing Business 2013, do Banco Mundial, o Brasil
apresenta a pior classificação no item pagamento de impostos, posicionando-se
em 156º lugar; o que é agravado pelo fato do retorno social dos tributos ser
baixo em comparação aos países de elevada carga tributária.
Experiências
de outros países mostram que a alta carga tributaria não é sinônimo do
oferecimento de serviços de qualidade.
Estudos
do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) demonstram que,
pelo quinto ano consecutivo, o Brasil ficou em último lugar, dentre 30 países
pesquisados, no retorno de valores arrecadados com tributos à qualidade de vida
para a sua população.
Desenvolvimento
sustentável depende, fundamentalmente, da criação de condições favoráveis ao
investimento na atividade produtiva. O sistema tributário onera a produção,
afeta o poder de compra da sociedade e o crescimento econômico do país.
Podemos
citar, como exemplo, o impacto da tributação que incide sobre os medicamentos,
que é um bem necessário à população. No Brasil eles têm uma carga tributaria
média de 35,7%, enquanto que em Portugal é 4,7%, na Espanha 3,8%, na Franca
2,1% e nos EUA, na Inglaterra e no México o imposto é zero.
Na
conta de luz incide-se 48,28% de tributos e na gasolina 53,03%.
Na
CNI temos nos empenhado, atuando de forma proativa, incisiva e propositiva, com
apoio das federações de indústrias e associações setoriais, para a construção
de uma agenda de mudanças para o país.
No
ano passado foi lançado o Mapa Estratégico 2013-2022, que é uma visão da
indústria para o país, sendo apresentados dez fatores chave que podem
contribuir para o aumento da competitividade e da produtividade da indústria
brasileira. São propostos caminhos e metas para que o Brasil aproveite as
oportunidades e vença obstáculos que inibem o crescimento.
Dentre
os itens que enfatizamos, seguem premissas de que o Brasil precisa de
fundamentos macroeconômicos sólidos que reduzam as incertezas sobre o futuro e
gerem confiança para o investidor, sendo necessário aumento nos investimentos,
melhor gestão dos gastos públicos e estrutura tributária simples e
transparente. São metas: elevar a taxa de investimento (formação bruta de
capital fixo sobre o PIB) de 18,1%, em 2012, para 24%, em 2022; aumentar a
participação do investimento na despesa primária total do governo federal de
5,8% em 2012 para 8% em 2022; zerar a cumulatividade dos tributos no Brasil. O
percentual de tributos com caráter cumulativo passaria de 7,7% do total de
tributos em 2011 para 0% em 2022.
Há
necessidade de um sistema mais simples, com redução do número de tributos e
ampliação da base contributiva, que reduza o peso excessivo da carga tributária
e a burocracia nela embutida.
É
preciso também desonerar a folha de salários de modo a aumentar a
competitividade e a eficiência econômica.
A
ampliação da taxa de crescimento do PIB brasileiro exige desoneração tributária
dos investimentos na produção, o que implica desoneração não só de bens de
capital e ativo fixo como também das instalações e bens destinados à manutenção
das empresas.
Sabemos
que os desafios são grandes, mas o Brasil tem potencial para crescer ainda mais
e de forma sustentável, para tanto entendemos que as mudanças são necessárias
para eliminar os gargalos que inibem o desenvolvimento socioeconômico.
É
necessário vontade politica, coragem, uso racional dos recursos e eficiência na
gestão, o que passa pela construção de uma agenda positiva em prol do Brasil e
dos interesses coletivos.
Se
desenvolvidas, essas ações contribuirão para a efetivação da relação positiva
entre produção e consumo. Aliando com o aproveitamento das oportunidades e
condições favoráveis que temos, como: o potencial de recursos naturais, o
clima, o mercado consumidor interno, poderemos nos consolidar como um dos melhores
países para se investir, empreender e para se viver.
Fonte:
Diário da Manhã - GO
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