Dar
continuidade aos negócios da família, contribuir para que empresas de outras
famílias se fortaleçam e a certeza de ter um espaço no mercado de trabalho.
Estes são os principais pontos que levaram profissionais das mais diferentes
gerações a seguir carreira na área contábil. "É uma profissão que ascende
para várias outras posições de liderança dentro das empresas e que tem ampliado
o número de oportunidades de trabalho", destaca o presidente da KPMG,
Pedro Melo.
Experiência
Atuando
na área contábil há 45 anos, José Maria Chapina Alcazar, contabilista,
presidente da consultoria paulistana Seteco, viu na contabilidade o início de
sua vida profissional e pessoal. Foi através dela que conheceu a sua mulher,
teve seus três filhos, todos contadores. Ele considera que a contabilidade é a
profissão do futuro e que não é mais uma categoria burocrática. "Estamos
vivendo um processo muito positivo para a carreira: contador é uma profissão
que requer muito conhecimento e, diferentemente de 10 anos, 20 anos ou 50 anos
atrás, hoje há uma gama enorme de informações disponíveis", diz.
Ao
longo dos anos, no entanto, as prioridades e dificuldades de cada geração foram
mudando. Se no início dos anos 1970, o principal empecilho era encontrar livros
técnicos no mercado brasileiro, hoje os jovens profissionais dispõem de um
vasto universo de informações à sua disposição, mas têm dificuldade em
acompanhar todas as constantes mudanças nas leis. "A maior dificuldade no
início de minha carreira foi não encontrar no mercado nacional livros técnicos
contábeis e tributários que pudessem orientar o profissional nas diversas
tarefas cotidianas", afirma o profissional de contabilidade Victor
Galloro, ex-presidente do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindcont-SP).
Há 40 anos atuando na área contábil, Galloro é dono do escritório que leva o
seu nome e os negócios já contam com a terceira geração da família, seus três
filhos. O escritório foi fundado pelo seu pai, que era advogado, e o sogro,
contador. Com o passar dos anos sua visão em relação à contabilidade foi se
ampliando e, com isso, aumentou também o leque de serviços prestados ao
cliente. Com isso, explica ele, além das atividades tipicamente contábeis,
serviços financeiros e de auditoria também passaram a fazer parte dos serviços
oferecidos pelo escritório.
"Desde
criança nunca tive aptidão para trabalhos manuais, mas sempre gostei da área
administrativa", conta Valter Jaime Rodrigues, sócio da TG&C -
Trevisan Gestão e Consultoria. Ele tem 58 anos e aos 15 anos já trabalhava com
a área administrativa e com um "pé" na contabilidade. Para ele, a
profissão tem perspectivas de futuro promissoras. Mas desde que iniciou,
destaca Rodrigues, ocorreram muitas mudanças no perfil dos profissionais.
"Antes, o conhecimento sobre legislação era o principal requisito para os
jovens profissionais. Hoje é necessário ter uma característica mais
empreendedora", conta.
Salvando empresas
Foi
com a intenção de salvar empresas que o contador mineiro Nathaniel Pereira, sócio-diretor
da NTW Contabilidade e Gestão Empresarial, optou por fazer o curso de ciências
contábeis no início dos anos 2000. "Quando tinha 11 anos, o meu pai foi à
falência em seu pequeno empreendimento. A principal causa foi a falta de
conhecimento e assessoria nas áreas contábil e financeira. E cresci com a
determinação de me formar em ciências contábeis e trabalhar para evitar que
outros empresários passassem pelo "trauma" da falência", diz
Pereira, que também é sócio da primeira rede de franquias contábeis do País.
"Acredito que, como contadores, somos fiéis depositários dos sonhos e
expectativas dos nossos clientes", complementa. Na sua visão, "quando
um empresário nos procura, o faz acreditando que empreender sob nossa
assessoria será mais fácil, menos traumático e mais seguro", diz. "O
contador tem conquistado o seu respeito e espaço a cada dia. A visão do
guarda-livros vem sendo substituída pela boa imagem de empresários
contábeis", complementa Pereira.
Jovens profissionais
Os
jovens profissionais podem ter pela frente um grande mercado para desbravar. No
entanto, é necessário apostar em conhecimento. "Apesar de hoje ser mais
fácil ter acesso ao conhecimento, os novos profissionais não têm a postura de
buscar esse conhecimento", diz Rodrigues. "O profissional não pode
parar de se atualizar nunca, isso é fundamental para garantir destaque na
carreira", afirma o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços
Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas
no Estado de São Paulo (Sescon-SP) e da Associação Profissional das Empresas de
Serviços Contábeis de São Paulo (Aescon), Sérgio Approbato Machado Júnior. Para
ele, os jovens atualmente têm muitas necessidades de consumo imediato e isso os
leva a viver em constante busca por novas oportunidades. "Isso é
prejudicial para a empresa e para o próprio profissional, que fica vulnerável
no mercado de trabalho", diz.
Pereira
lembra ainda que o conhecimento dos mais jovens sobre tecnologia é um
diferencial importante. "Em uma profissão em que o conhecimento é
'perecível' (devido às constantes mudanças nas diversas legislações tributárias
e fiscais) e o uso da tecnologia é algo obrigatório, a capacidade adaptativa,
junto da facilidade de convivência em rede e facilidade de acesso a informações
de todos os gêneros, pode ser grande diferencial para os jovens profissionais
contábeis. E este novo perfil de profissional será cada vez mais valorizado e
desejado pelo mercado", diz.
Já
a estudante Luciana da Silva Kanazawana quer dar continuidade aos negócios da
família. "Escolhi a profissão para continuar um trabalho do meu pai",
revela. Para ela, os maiores obstáculos e desafios da carreira são acompanhar a
constante mudança em leis e as obrigações fiscais, trabalhistas e contábeis.
Fonte:
DCI
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