O
Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) encaminhado pelo governo,
nesta terça-feira, calcula o reajuste do salário-mínimo para 2015 em R$ 779,79.
O valor é 7,71% superior ao atual, de R$ 724,00. O aumento apontado para o ano
que vem supera percentualmente o ocorrido neste ano, de 6,78%.
Pelo
PLDO, o governo estima que o crescimento da economia em 2015 será de 3%. A
inflação em 12 meses, ao fim de dezembro, está projetada em 5%. As novas
estimativas mostram uma deterioração das expectativas do governo em relação à
economia.
Há
um ano, quando o governo divulgou a LDO de 2014, a área econômica estimava que
o PIB (produção de bens e serviços da economia) teria crescimento de 5% em
2015, com inflação de 4,5%. Para 2016 e 2017, o governo estima expansão do PIB
de 4%.
A
LDO de 2015 prevê que a dívida líquida do setor público no ano que vem será de
33% do PIB, ante 33,6% em 2014. A dívida líquida deve cair para 32,1% do PIB em
2016 e 2017, segundo as projeções do governo. A dívida bruta projetada é de
55,2% do PIB em 2015, ante 56,8% do PIB em 2014.
O
governo federal promete esforço fiscal maior em 2015 do que em 2014, com
superávit nominal mínimo de 2% para o próximo ano. Segundo o Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias (PLDO), a meta de superávit primário do setor público
consolidado será de R$ 143,3 bilhões, o equivalente a 2,50% do PIB.
Para
este ano, no entanto, a meta de superávit primário das contas do setor público
é menor: de R$ 99 bilhões, o equivalente a 1,9 % do PIB. Trata-se de proporção
idêntica à obtida em 2013.
A
meta de superávit primário mínimo para 2015 é de R$ 114,7 bilhões (2% do PIB),
diz o documento. Os abatimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
podem ser de até R$ 28,7 bilhões, o que representa 0,5% do PIB.
A
meta do governo central para o próximo ano é de R$ 114,7 bilhões, ou 2% do PIB.
Para estados e municípios, é de R$ 28,7 bilhões, ou 0,5% do PIB. Para este ano,
os valores são menores: a meta fiscal dos governos regionais é de R$ 18,2
bilhões, o equivalente a 0,35% do PIB. Já a meta fiscal do governo central é de
R$ 80,8 bilhões, ou 1,55% do PIB.
A
LDO tem de ser enviada pelo Executivo ao Congresso até 15 de abril e aprovada
pelo Legislativo até 30 de junho. Se não for aprovada nesse período, o
Congresso não pode entrar em recesso em julho. A aprovação da LDO é a base para
elaborar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA), que deve ser apreciada pelo
Congresso Nacional até agosto.
Como
é lei, após sancionada, nenhum governante deve aumentar despesas, gastar mais
do que está previsto na Lei Orçamentária ou criar impostos para o pagamento de
suas contas sem autorização do Legislativo.
Com
a Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO passou a ter um papel importante na
condução da política fiscal do governo, devendo estabelecer e indicar as metas
fiscais a serem atingidas a cada exercício financeiro a que se refere.
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que o compromisso de um esforço
primário maior está ancorado, não só no aumento das receitas decorrentes do
crescimento da economia, como no controle da despesa e na redução de subsídios.
Questionado sobre as previsões do mercado para o crescimento da economia, que
são menores do que os 3% projetados pelo governo federal, Mantega afirmou que
“as projeções que falam em 2% para 2015 são bastante preliminares”. Na visão do
ministro, “ninguém considera muito sustentáveis essas projeções. Eu prefiro me
alinhar a projeções internacionais, que consideram a retomada da economia
internacional em 2015. A projeção de crescimento de 3% para a economia brasileira
é bastante realista”.
O
ministro assegurou que os mercados estão otimistas em relação à retomada da
economia mundial. “Acabo de voltar de vários debates onde é unânime que há
recuperação e que a crise está sendo superada. A dúvida é saber qual será o
ritmo dessa recuperação. Que ela está em curso ninguém duvida e mercados
acreditam nisso.”
Ministro vê despesas com
pagamento de remunerações sob controle
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que as despesas relacionadas ao
salário-mínimo estão sob controle. “Temos visto que, nos últimos anos, temos
dado reajustes (no valor do salário-mínimo) e temos conseguido controlar o
gasto da folha de pagamento. É uma despesa que está sob controle”, afirmou.
Mantega lembrou que a regra para o salário-mínimo está fixada até 2015 e, naquele
ano, caberá discutir a nova regra para os próximos anos.
Mantega
afirmou ainda que o Banco Central está fazendo uma política monetária
contracionista. “Temos taxa de juros elevada, que está combatendo inflação e
expectativas”, disse. “Não costumo fazer longos comentários sobre juros. O que
o Banco Central está fazendo é adequado para manter a inflação sob controle. E,
com superávit primário, também estaremos colaborando para ancorar expectativas
inflacionarias”, completou.
Para
o ministro, a recuperação mais consistente da economia mundial em 2015 permite
um crescimento econômico maior do Brasil. Segundo ele, a projeção de aumento do
PIB no ano que vem, incluída na LDO de 2015, considera um cenário de
crescimento maior da economia mundial.
Mantega
disse que a recuperação mundial já está em curso, mas o processo estará mais
consolidado em 2015. “Com a recuperação da economia mundial, estamos
considerando que haverá um crescimento gradual da economia brasileira. Um
crescimento um pouco maior em 2015 do que 2014 vai nos permitir a reversão dos
estímulos econômicos.”
O
ministro lembrou que o governo já iniciou a retirada desses estímulos
concedidos durante a crise mundial, mas continuará nesse processo também em
2015 para garantir uma consolidação fiscal maior. “Estamos passando de 2013
para 2014 com um crescimento maior dos países avançados e emergentes. Não há
muita dúvida sobre essa trajetória. Estou voltando de reunião do FMI e do G-20,
e todos os meus colegas compartilham da recuperação do crescimento da economia
mundial”, afirmou.
Mantega
calcula que a inflação medida pelo IPCA pode ser menor em 2015 se não houver
inflação de alimentos, que ocorre neste momento. “Tivemos aumento do preço de
hortifrutigranjeiros, que se deve à seca. Também têm fatores sazonais.“
Fonte:
Jornal do Comércio – RS
Nenhum comentário:
Postar um comentário