Um
problema muito comum nas pequenas e médias empresas é a sobrevivência. Seu
maior entrave, por mais surpreendente que possa parecer, não é a falta de
lucro, mas a inadimplência, resultado do mau hábito de assumirem compromissos
maiores do que seu fluxo de caixa permite. Em geral, os empresários de pequenas
e médias empresas dirigem seu foco de atenção apenas para a parte operacional
da empresa, concentrando esforços em venda e produção/prestação de serviços,
mas deixando a gestão financeira em segundo plano. Com isso, muitos fecham
negócios porque precisam obter receitas, mas não se lembram de que é fundamental
conhecer os custos e a margem de lucro antes de firmar um contrato. Afinal, não
basta lucrar, também é preciso ter dinheiro em caixa para fazer frente aos
compromissos assumidos. Ou seja, um erro muito comum do empresário é deixar de
lado a gestão do fluxo de caixa.
Numa
PME, como em todo negócio, o fluxo de caixa é um instrumento de gerenciamento
financeiro que evidencia a estimativa de liquidez para que as decisões possam
ser tomadas de forma adequada. Por isso, é preciso geri-lo bem, sem complicações,
simplificando os processos cotidianos com controles simples, mas eficientes,
que permitam à empresa obter as informações gerenciais de análise e apoio a
todas as decisões empresariais. A ideia é conseguir uma visualização antecipada
das necessidades ou sobras de caixa no curto prazo que possibilitem simulações
e deem ao gestor uma visão holística das atividades da organização, projetando
as entradas e saídas do caixa, as decisões que afetam direta e indiretamente a
saúde financeira da empresa. Isso significa não apenas permitir uma boa análise
das situações, mas também que se tomem decisões sobre os valores que podem ser
comprometidos, selecionar as linhas de crédito mais adequadas e as melhores
maneiras de utilizar capital próprio e eventuais financiamentos.
Na
prática, organizar as finanças de uma PME é, portanto, o primeiro passo para
que ela cresça, valendo-se da ferramenta de fluxo de caixa para pensar e
planejar, não apenas para saber se vai faltar dinheiro no final do mês. É
fundamental projetar o futuro e programar ações que impulsionem a empresa. Essa
é a ferramenta que vai indicar se há, por exemplo, necessidade de capital de
giro, se é possível distribuir lucros ou ainda se existe possibilidade de
assumir uma dívida ou realizar um investimento com vistas à expansão.
Porém,
os dados devem ser precisos e traduzir efetivamente a realidade da empresa,
para que o fluxo de caixa seja mesmo um indicador fiel para o empresário. Para
que ele funcione mesmo, não basta adquirir um software ou programa que ajude o
gestor. É preciso ficar de olho nos detalhes, ter um controle eficaz com os
gastos divididos em grupos, separando todos os valores em segmentos para
entender quanto se gasta em cada categoria. Isso permite saber onde incidem os
gastos e como se podem reduzir custos, acompanhando o saldo bancário, que deve
estar em linha, conferir com o fluxo de caixa. Por outro lado, é bom ficar
atento a alguns sinais indicadores que o fluxo de caixa anda sendo mal
controlado. Um dos mais incisivos é a queda de vendas, principalmente se
ocorrer simultaneamente à redução de margens de lucro. Com o acompanhamento do
fluxo de caixa de forma eficiente, o rumo da empresa pode ser ajustado
rapidamente, evitando-se que os erros se tornem recorrentes.
Outro
sinal de alerta pode ser o fato de a empresa ficar sem recursos para compras e
pagamento de contas em alguns dias do mês. Isso é um indício de desorganização,
outro entrave para a boa saúde corporativa que um fluxo de caixa eficiente pode
resolver, pois permite visualizar a situação e sincronizar os dias de
recebimento com os dias de pagamento, casando a entrada e a saída do dinheiro e
definindo o percentual das vendas que podem ser feitas a prazo ou instituir um
valor mínimo para que a compra seja parcelada. Além disso, para não haver
falhas, ainda é necessário considerar a margem de inadimplência nessa equação.
Como todos os detalhes são fundamentais para gerir adequadamente uma empresa,
especialmente se ela for de pequeno ou médio porte, o fluxo de caixa é indispensável
e precisa estar, sempre, bem municiado por dados precisos que facilitem
verificar, passo a passo, a situação do negócio e projetar seu futuro e
expansão.
Fonte:
DCI – SP
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