A
complexidade tributária do Brasil gera mais serviços para os profissionais da
contabilidade. Agora, com o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), os
escritórios contábeis estão aumentando suas receitas. Para completar o cenário,
há quem ainda insista que contador não precisa de marketing. Ele consegue novos
clientes por indicação.
Tais
afirmações são tão obsoletas quanto o termo “guarda-livros”. Primeiramente é
preciso compreender que os serviços consultivos relacionados ao cumprimento de
obrigações tributárias têm o objetivo principal de atender ao poder público,
através das autoridades fiscais. Por isso, eles compõem o “oceano vermelho” das
organizações contábeis. Raros são os empresários ou gestores que valorizam esse
trabalho. Na maioria das vezes, o resultado efetivo é percebido apenas como uma
exigência burocrática.
Mesmo
aqueles que vislumbram a redução de risco fiscal têm a sensação de vítimas de
um sequestro tributário, no qual além de terem que pagar em dia seus tributos,
investem tempo e dinheiro para não serem surpreendidos por autuações e outras
penalidades.
Enfim,
a maioria dos empreendedores não acredita que tais serviços agregam valor aos
seus negócios. Pensam neles como mais uma despesa. Metaforicamente falando, são
um seguro contra as investidas do fisco. Alguns poucos ainda buscam “seguros”
melhores, mas a maior parte quer mesmo o mais barato.
Completando
o cenário, não há sinais de reversão desse comportamento. Por isso, há uma
tendência de comodismo e, consequentemente, acirramento da competição baseada
em preço nesse mercado. Ora, isso não chega a ser uma novidade. Logo que a nota
fiscal eletrônica começou a se tornar obrigatória, fornecedores de soluções
cobravam até R$ 5,00 por NF-e emitida. Hoje esse valor é de centavos e os serviços
são muito mais completos que em 2008, incluindo custódia dos arquivos,
auditorias, por exemplo.
Por
outro lado, aqueles que afirmam que profissionais da contabilidade conquistam
clientes por indicação têm razão. E é justamente por esse motivo que eles
precisam pensar e investir em marketing. Não o marketing publicitário,
arrogante, unilateral do século passado.
Philip
Kotler, professor emérito na Kellogg School of Management, considerado um dos
“pais” do marketing moderno, conceitua-o como “a ciência e a arte de conquistar
e manter clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles”. Ora, sem
relacionamentos e clientes satisfeitos, como uma organização contábil poderá
ter indicações?
Kotler
vai mais longe ao estabelecer um novo modelo de pensamento estratégico
denominado de Marketing 3.0. Segundo ele, “a missão do Marketing 3.0 nas
empresas consiste em criar um elo com o cliente, promover a sustentabilidade no
planeta e melhorar a vida dos pobres. Se você desenvolver um caso de amor com os
seus clientes, eles próprios farão a sua publicidade”.
Para
construir um relacionamento consistente com os clientes, precisamos compreender
o que eles querem. A resposta está além do (óbvio) lucro. Prosperidade,
perenidade, crescimento, desenvolvimento também são metas empresariais. Mas é
preciso aprofundar-se nessa investigação e descobrir o que seus clientes
querem. Mais ainda: como a organização contábil pode contribuir para o seu
sucesso? Além disso, como os profissionais da contabilidade podem contribuir
para sustentabilidade e melhoria da vida das pessoas mais humildes?
Um
dos caminhos seria através da liderança na busca por impostos mais justos,
menos burocráticos, participando e promovendo debates sobre o tema nas
empresas, sindicatos e associações. Uma verdadeira simplificação do manicômio
tributário brasileiro deslocaria o foco da burocracia para a gestão – a real
vocação da ciência contábil. Negócios contábeis sairiam do “oceano vermelho”
para o “oceano azul”, onde a inovação e o conhecimento poderiam ser utilizados
para agregar valor às empresas.
Por
fim, no mundo atual, hiperconectado, somente somos pequenos se assim quisermos.
As redes sociais são instrumentos fantásticos para potencialização desse
Marketing 3.0. Contudo, uma boa ferramenta, mal utilizada, transforma-se em uma
arma que pode ferir o outro e a si próprio.
Lembre-se
de uma advertência de Kotler: “não use o Facebook para vender seu produto, use
para fazer relações”. Por isso, antes de criar seu blog, sua página no
Facebook, seu Twitter, pense estrategicamente. Conheça suas forças e fraquezas.
Analise as oportunidades e ameaças. Faça um bom planejamento mercadológico e
execute-o com primor.
Fonte:
Portal Contábeis
Nenhum comentário:
Postar um comentário