O
Executivo jogou a toalha e não vê mais condições de votar a reforma tributária
neste ano nem no próximo por se tratar de um ano eleitoral. A previsão foi
feita ontem pelo líder do governo no Senado, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Ele
afirmou, com exclusividade ao DCI, que não há consenso para a matéria e que o
tema deve ser votado no primeiro ano do mandato legislativo, não no penúltimo
ou último. "É impraticável debater e entrar em consenso sobre assunto tão
complexo em tão pouco tempo", assinalou.
As
declarações de Braga jogam um balde de água fria nas últimas tentativas de
mudanças nas regras tributárias ainda neste ano, especialmente em relação ao
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), como a convalidação
dos incentivos fiscais considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal (STF).
Ontem
mesmo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou projeto que
prevê recursos de R$ 3 bilhões a R$ 8 bilhões para compensar perdas dos estados
com a unificação da alíquota do ICMS.
O
líder do governo enfatizou que o foco dos trabalhos na Casa nesse momento é o
Orçamento Impositivo, que torna obrigatório o desembolso de recursos pela União
para o atendimento de emendas parlamentares. Disse que a proposta deve ser
aprovada com a emenda que destina metade desses recursos para despesas com
saúde.
"São
cerca de R$ 9 bilhões para o ano que vem para essa área, essa é uma grande
vitória, visto a necessidade que temos em termo de saúde no País",
afirmou, negando, porém, qualquer possibilidade de o governo concordar com a
proposta da oposição que eleva os gastos com saúde de 15% até 18% do Orçamento
da União até 2018.
Depois
dessa matéria, segundo o parlamentar, o governo deve se concentrar na peça
orçamentária, que deve ser aprovado em dezembro para o início do recesso
parlamentar. O relatório do Orçamento da União para 2014 deve ser votado hoje
em Comissão e depois em plenário.
As
declarações do senador Eduardo Braga rumam na mesma direção da opinião
manifestada anteontem ao DCI pelo líder do PT na Câmara, deputado José
Guimarães (PT-CE). Ele afirmou que alguns temas econômicos não seria votados
pelo Congresso neste ano, manifestando preferência pelo início da reforma
tributária pela taxação das grandes fortunas, uma proposta que se arrasta no
Congresso apresentada, entre outros, por Fernando Henrique Cardoso antes de
virar presidente em 1995.
Ainda
segundo Braga, mesmo com toda a pressão do governo, é possível que a votação do
Marco Civil da internet (Projeto de Lei 2126/11) também não aconteça neste ano.
"Não vejo como votar essa matéria do Senado, pois acredito que ela não
virá a tempo da Câmara", argumentou.
Fundo de compensação
Cercada
de polêmica quanto à sua constitucionalidade, a CAE do Senado aprovou também
ontem, por um placar apertado de 12 votos contra 8, o projeto de lei
complementar do senador Paulo Bauer (PSDB-SC) que disciplina a compensação das
perdas dos estados com a redução das alíquotas interestaduais do ICMS, prevista
em projeto de resolução do Senado (PRS 1/2013).
Apresentado
no início deste ano, o projeto de resolução reduz para 4% e 7% as atuais
alíquotas interestaduais de 7% e 12%, mas cria algumas exceções, como os
produtos da Zona Franca de Manaus e o gás natural, que continuariam com 12%.
O
senador José Pimentel (PT-CE) considerou uma temeridade aprovar o projeto de
Bauer. Para ele, a competência para criação de fundos é do Poder Executivo.
"Já temos decisão do STF sobre tal matéria. E, dada a magnitude do tema,
precisamos ter segurança jurídica para que não seja objeto de questionamentos
posteriores. Por isso, vou votar contra", disse.
Já
o senador Armando Monteiro (PTB-PE), relator da matéria na CAE, o Fundo de
Compensação é um seguro para a perda de receitas com ICMS. Segundo ele, o Fundo
assegura a compensação integral das perdas dos Estados vindas das novas
alíquotas.
Semana vazia na Câmara
O
líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), disse ontem que os líderes
decidiram não realizar votações nesta semana até que sejam resolvidas as
polêmicas sobre o marco civil da internet (e o piso nacional dos agentes
comunitários de saúde e combate a endemias - PL 7495/06).
Ele
criticou o fato de o Executivo trancar a pauta da Câmara dos Deputados com as
urgências constitucionais. Duas propostas com urgência trancam a pauta - o
marco civil e a mudança na multa extra de 10% do FGTS cobrada em caso de
demissão por justa causa (Projeto de Lei Complementar - PLP 328/13). "O
que a presidente Dilma quer com essa urgência é impedir o funcionamento do
Legislativo", disse. Os líderes decidiram concluir na próxima terça-feira
(19) o novo Código de Processo Civil (PL 8046/10).
Fonte:
DCI
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