Mesmo
com um cenário de dificuldades fiscais e com a arrecadação de tributos em
queda, o Congresso Nacional pode vir a aprovar novas medidas de renúncia fiscal
e deixar a conta para o próximo governo. O relator da Medida Provisória 651,
deputado Newton Lima Neto (PT-SP), antecipou que deve incluir em seu relatório
emendas passando de 56 para 68 o número de setores com direito a desoneração da
folha de salários e deve ampliar a alíquota máxima para o Reintegra, programa
que devolve tributos sobre o valor das exportações de manufaturados.
Lima
Neto anunciou que também deve reabrir o prazo para adesão ao Refis - programa
de parcelamento de débitos tributários com a Receita - em condições mais
favoráveis do que as incluídas no último Refis, cujo prazo de adesão venceu no
dia 25 de agosto.
Outra
emenda tratará das regras que facilitam a retomada de bens móveis, como
veículos, tratores e motocicletas. Essa medida foi anunciada pelo governo há
duas semanas dentro de um pacote para estimular o crédito no País.
A
ideia é que a pessoa possa autorizar, no contrato de financiamento, a
recuperação imediata do bem financiado em caso de inadimplência. A mudança
também fixará a responsabilidade do devedor pelo pagamento de tributos, multas
e taxas incidentes sobre o bem alienado. Essa é uma reivindicação antiga dos
bancos para facilitar o financiamento de automóveis.
O
deputado sinalizou ainda que poderá incluir na medida provisória outros
assuntos que não fazem parte do texto original. A comissão especial que analisa
a MP 651 fez ontem a última audiência pública para discutir o texto da medida.
Lima Neto informou que seu relatório será divulgado no dia 6 de outubro para
que possa ser votado na comissão no dia seguinte.
A
MP perde a validade no dia 6 de novembro. Por isso, o presidente da Comissão,
Romero Jucá (PMDB-RR), lembrou da importância de votar a medida entre o
primeiro e segundo turno das eleições.
Para
evitar que a matéria não seja votada na comissão por falta de quórum, Jucá usou
um artifício legislativo. Em vez de encerrar a sessão de hoje, apenas a
suspendeu para dar continuidade no dia 7 de outubro. Dessa forma, mantém o
quórum da sessão original. O relator disse que ainda não decidiu qual o novo
teto que fixará para o Reintegra.
A
MP prevê a devolução de 0,1% a 3% do valor exportado em manufaturados. “Estamos
discutindo qual seria o percentual mais adequado”, afirmou. O presidente da
Abimaq, Carlos Pastoriza, pediu, durante a audiência pública, que a alíquota
máxima suba para 6%. “Eliminaria todos os resíduos tributários. Esse é o nível
de impostos na nossa cadeia não reembolsáveis”, argumentou.
Pastoriza
defendeu também a reabertura do Refis sem a exigência de uma entrada de até
20%, como a do último programa ou o parcelamento dessa parte inicial em até 60
meses. As novas condições do Refis, segundo o relator, estão sendo negociadas
com o Ministério da Fazenda.
O
representante da Abiquim, Marcelo Vieira, apoiou a reabertura do Refis e pediu
a concessão de descontos em caso de antecipação de pagamentos das parcelas. Ele
solicitou ainda a inclusão de uma emenda na MP que permita que as empresas
tenham direito ao Reintegra mesmo utilizando um percentual maior de insumos
importados na fabricação dos seus produtos. Para ter direito ao Reintegra, a
empresa hoje pode usar no máximo 40% de importados. A Abiquim defende a
ampliação para 60%.
A
MP 651 também regulamenta a isenção de ganhos de capital até 2023 com ações de
emissão majoritariamente primária de pequenas e médias empresas. Prorroga a
vigência do incentivo tributário dado às debêntures de infraestrutura ou
incentivadas até 31 de dezembro do próximo ano e define a tributação das
chamadas ETFs - Fundos de Investimento de Renda Fixa com cotas negociadas em
bolsas de valores e mercados de balcão organizado.
O
relator sinalizou que haverá “aperfeiçoamentos” nesses pontos de interesse do
mercado de capital. Rodolfo Zabisky, do Brasil+Competitivo, pediu a inclusão de
quatro emendas, entre elas a que estende a isenção de Imposto de Renda sobre
ganho de capital a todos os investidores em ações de pequenas e médias empresas
e não apenas pessoas físicas. Ele quer que o benefício também seja aplicado
sobre ações preferenciais e não apenas para as ordinárias. Zabisky ainda
defendeu a ampliação do fim da obrigação de publicação dos balanços das
empresas em jornais para todas as companhias listadas em bolsa e não apenas
pequenas e médias.
Fonte:
Jornal do Comércio – RS
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